Mercado de usados: entenda quais são os fatores essenciais na hora de decidir se o investimento vale a pena

O ADG conversou com J.R. Caporal | CEO da Auto Avaliar confira:

ADG: Até aonde vale a pena na sua opinião a gente fazer uma intervenção maior para ficar com carro?

JR: Hoje, o problema na troca é a reposição. Porque se a gente pensar que todo mundo está vendendo o seu carro na tabela Fipe ou acima dela… o valor de referência acaba não sendo muito bom. Isso porque não consigo repor. isto é, não tem o zero para comprar, porque a entrega vai demorar de dois a seis meses dependendo do modelo, e o usado também vai me custar mais caro.

No caso de fazer uma intervenção, vai depender do objetivo (e do apego pelo carro). Para avaliar se vale a pena a reparação é preciso olhar quantos anos ele tem, qual a quilometragem e etc. Se tenho um carro que vale 30 e vou gastar 10 em manutenção, quanto tempo depois eu o vendo por pelo menos 35?

ADG: Você acha que nessa equação também seria interessante falar quanto tempo eu pretendo ficar com esse carro?

JR: Fundamental. E quanto que eu vou usar: vou rodar só em estrada? Só na cidade? Como é que vou usar o carro? Porque é muito importante isso também. Posso fazer intervenções maiores ou menores, coisas que vão aguentar mais ou menos.

ADG: Vocês que monitoram a movimentação do mercado de usados, principalmente em concessionárias. Como é que está?

JR: Hoje não tem carro. A grande dificuldade da concessionária é captar carro usado. Inclusive tem concessionária mudando a meta dos vendedores, ao invés de vender 15 carros por mês, ele precisa vender ou comprar esse número de veículos.

ADG: Aqui no pátio da oficina, estamos experimentando uma nova realidade. É muito comum receber veículo para manutenções preventivas (óleo, pastilha, etc. ), agora venho experimentando a aprovação de orçamentos gigantescos, onde tem embreagem, amortecedores, velas, correias… grandes intervenções que chegam a custar um quarto do valor do veículo. Está relacionado a isso?

JR: Sim. E tem o valor emocional. Por exemplo, sou uma pessoa que gosta de reformar carro. Mas, sempre tenho que fazer a conta e reparar o carro no valor que me permita vender um dia. Se você pensar bem, tem carros que não tem reparo. Quando é a parte estrutural ou de lata, que você tem que refazer é difícil ficar bom, então tem que pensar muito bem nisso.

ADG: Como é feita a avaliação do veículo? O que pode fazer com que aquele carro seja mais valorizado ou menos?

JR: Quando alguém vai fazer avaliação de um carro ela vai olhar sempre duas coisas: o valor de mercado daquele e fazer avaliação técnica dele. Coisas como têm os quatro pneus iguais? Tem cheiro de mofo no porta-malas? já dá para ver se o carro foi batido, pegou inundação ou coisa assim…vazamento de óleo, se tem manual, se foram feitas as revisões. É importante estar limpo e principalmente não fazer nenhuma maquiagem no carro.

ADG: É preciso ter laudo cautelar?

JR: Sempre que for vender o carro é bom mostrar que o carro não tem laudo reprovado. Isso é importante. Outra coisa é a documentação, porque uma coisa que interfere é a procedência, se não é de leilão. E não tem problema comprar carro de leilão, desde que por preço justo.

ADG: Outra coisa muito importante é a quilometragem no mercado de usados…

JR: Sim. Para ter mais segurança quanto ao km rodados, você pode olhar pneus, amortecedores, bandejas e uma série de outras coisas que denuncia a quilometragem do carro.

Assista a entrevista completa no canal da High Torque